7.7.10

Maldadiagem

Você magoou meu coração. Fez um rombo do tamanho de um avião ultra-sônico.

Maldade pura. Essas coisas não se deve fazer. Deve não. Ai.

Agora fico andando com esse sonho estrangulado, de pescoço quebrado e pernas se arrastando. Carrego a esperança morta como uma espécie de véu de noiva, só que roto e amarelado. Uma desolação.
Meu coração, coitado, está encolhido feito caroço na uva: com medos de ser devorado. Pois a semente quer logo se lançar na terra e dispensa passeios no ventre dos comilões.
Mas eis a injustiça do mundo. Deram uma mordida onde eu estava e fui carregada, toda envolta de polpa. E tendo minha germinação adiada fiquei lá, ensebada na espera. Ouvindo o tempo. Contando ventos. Cheia de vontade de nascer. Mas não, tragaram-me sem querer. E aqui sou inútil, uma pedrinha, um incômodo bah! Um deslise paf! Mas se me derem um solo, hm...um solo para me cobrir: eu viro toda árvore, sou toda fruto e alimento um mundo inteiro.