26.10.16

Desocupação

É pesado imaginar como nosso corpo pode se tornar um depósito de prazeres, mas, necessariamente, um paraíso a ser perdido. Uma relação superficial e deformada que se assemelha a uma mordida no sorvete: arriscamos experimentar uma hipersensibilidade pelo gozo de abocanhar um pedaço maior. Nunca mordi sorvete. Não gosto. Mas sempre deliciei em ser o gelato.

Um dia após outro, construo conclusões provisórias, que sejam absolutas. Como que para redimensionar o caos em porções absorvíveis. Admito que essa segurança que me forneço é um conforto paras minhas costas cansadas. Sentar de mochila no banco, rasgar uma bolinha de algodão. Não é muito, e talvez não o suficiente, mas já é alguma coisa.

Tenho perdido o apetite pelas pessoas. O deslumbramento ora dura pouco, ora demora demais a acontecer. Como comer plástico com pitadinhas de sal. Sem digestão possível, vai embora sem deixar nada, intacto e intocável. Meu apetite gosta de se alimentar, de triturar e sorver. Só vejo cabelos e roupas. Poucos olhos e quase nada de alma. Fico sem fome.

Esqueci minha escova de dentes reserva numa casa de uma noite, meu chinelo e um rascunho. Imagino se não foi um abandono. A escova era velha, o chinelo inútil no inverno e o rascunho bobo e feio. Deixei os outros descartarem meu lixo. Não ouso mudar de direção nem mesmo para me desembaraçar. Todo o resto tomba de mim e fica estirado no caminho passado, como um obstáculo. Não me siga, eu prossigo.

Quando falo de amores moribundos, falo daquilo que eu mesma já vivi. Mas que se resignificou. Estou incapaz de amar. Sinto o cheiro desse entulhamento, que fica agonizando, muito embora sejam pedras mortas. Observo, sentada na minha própria barriga, minha dificuldade de respirar. Não faz mal, esse personagem tem mesmo que expirar. Era muito véu cintilante para pouco vento. Os tempos são outros.

A consciência exata de que o amor morreu me traz um alívio absurdo. Um terreno limpo e pisoteado. Mas limpo. Descompactar é só uma questão de remexer para lá e para cá. Soltar a terra. Ressaltar um novo chão. Seria um terreno-caminho ou um terreno-lar? Ponto-fixo ou ponto de partida? Olhando por alto, não consigo discernir.

Porém, ainda que tenha me livrado dos chinelos, ando carregando uma meia dúzia de amores defuntos e não sei muito bem qual o procedimento. Nem da simpatia, nem do mau agouro. Enfiei-os todos num saco de batatas e arrastei até aqui – e agora. É leve, mas de um volume enorme: às vezes, tapa-me a visão. Não cabe na cabeça. Não entra no bolso, nem entre um braço e outro. Levando em consideração que todos foram muito caros, quero uma finitude que agregue valor à experiência.

É verdade que esse pacote mais parece um elefante de porcelana gigante daquelas que só é lícito às tias-avós possuírem. Impressionantes, meio cafonas e lascadas. Preciso de um ritual de passagem. A questão é: o que fazer com amores mortos? Desfalece-los? Jamais!

Rascunhos, escovas e chinelos. Bem, fico assim meio sem graça, mas vou deixar meu mausoléu aqui. Não, Repara a falta de jeito. Repara bem: vou abstrair esses cadáveres. Abandono de forma literal, é o abc da vida.
De a-z: Fim.

Fim. Fim. (só para garantir)

19.7.16

Dois : Liz

Paris é um frio dos infernos e de nada serve o rio Seine. Ela mete a mão nos bolsos de seu casaco verde musgo em busca do isqueiro. O frio faz seus ossos trepidarem. Resoluta, com seu queixo quadrado e lábios finos, puxa o cigarro, pendura na boca ressecada e produz uma chama em frente aos olhos. Como que enfrentando o fogo, como que tragando a essência do mundo.

Liz se afastou do grupo, em parte para não levar fumaça, em parte para não levar o grupo. Naquele exercício solitário de reflexão e vício, Matthieu se aproxima. Naquela altura, não sabíamos seu nome. Eu, como narradora, só poderia relatar que ele usava uma calça justa ao estilo francês, uma jaqueta de couro ao estilo argentino, uma pulseira ao estilo peruano e uma cara bonita ao estilo universal.

-Tu as feu? – ele perguntou, como quem anda de pijamas no Coliseu.

Ela disse que tinha fogo e entregou um isqueiro bic cor de rosa que trouxe do Brasil. Ela fumava como quem sobrevivia de uma catástrofe, traumatizada, com os cotovelos presos nos quadris, com um suspiro de fumaça lento e sofrido. Ela era dos trópicos de Capricórnio. Ele era do norte da França, com ancestral do pé grande glacial, fumava com um cabelo loiro que reluzia. Caía no olho e ele ficava sem ver. Um cabelo cintilante, daqueles que brilham no escuro. Cabelo, cabelo? Mas e os olhos? Mesmo como narradora não dou conta de lembrar a cor dos olhos dele. Eram meigos, meio verdes, tombados no final. Olhos de quem já viu o amor. Olhos de quem já riu. Mas ali, eram olhos para os barcos estéreis do Sena.

As luzes eram alaranjadas, a conversa dos outros virou um bruit e eles foram ficando cada vez mais a sós. Ela sentou num pequeno pilar de ferro, que servia para a ancoragem dos barcos. Ele resolveu que era o momento de colocar os nós dos dedos na cintura. E fizeram companhia um para o outro em novembro. Num dia qualquer que só Deus tem registro.

Inesperadamente, Matthieu pousou as mãos sobre a cabeça de Liz. Ela se encostou nas pernas dele, segurou suas panturrilhas e esticou as próprias pernas. Ele agachou e nos ouvidos de Liz disse: Vem (em francês não traduzível). Ela foi. Foi parar no parquinho alpinista das crianças. Que fica do lado direito do Sena, antes da Ponte Alexandre III, onde há pelo menos duas fontes de água gasosa. O chão parece de asfalto mas é meio molenga.  Ele a sentou num brinquedo indecifrável para os latinos, segurou nos seus joelhos. Ela tinha uma franja recém cortada em Montmartre e veias minúsculas nas bochechas. Ele olhou. E olhou.


E ninguém sabe o que aconteceu depois. 

18.7.16

Um

Corra, Hannah. De traz em frente, de frente, para, trás.

Acordei ao som de uma britadeira intermitente, sentia meu ventre doer. As cólicas mensais haviam começado. Abro os olhos e vejo uma coruja de pelúcia me encarando com olhos amarelos purpurinados. Ainda é cedo, mas a cidade já está em obras. Tomo leite. Vitaminas em cápsulas. Mais leite. Arrumo a casa, com esmero. Vejo a panela que ariei, praticamente limpa. Reverencio meu desengordurante “BANG”. Eu emagreci, a despeito de todo chocolate e quinquilharias que comi na semana passada. Acho um pregador de roupa de madeira, uso para prender meu cabelo em coque. Lembro da minha mãe. Guardo a louça. Guardo meus anéis. Dobro minhas calcinhas. O céu está azul. Minhas pernas estão doloridas.

Sento em meu tapete cinza felpudo. Fecho os olhos e jogo minha testa para o teto. Só penso em amores geométricos. Há três dias penso nisso. Na academia, pensei no triângulo isósceles e meu apreço por seus dois ângulos iguais. Quando pequena, adorava meu caderno de desenhos geométricos. Tinha um compasso que a ponta afundava a despeito da infinidade de gambiarras desenvolvidas para tentar consertá-lo.

Não entendo porque o triângulo equilátero não me mobilizava da mesma maneira. De qualquer forma, entendi perfeitamente que amores são e sempre serão geométricos. Mas não sei explicar.

No começo, achava que amávamos em reta, um sentimento que se expandia para os dois lados, no infinito e, para mim, na unidade infinita do tempo: eterno. Um amor eterno, infinito, contínuo e fluido.

A vida picotou um pouco minhas retas. Fiquei um tanto segmentada. Paixões de verão. Amizades do curso de inglês, o prazer de estar no mar. E, de uma hora para outra, parecia que eu vivia pequenos segmentos que poderiam se sobrepor, se cruzar ou se distanciar, intervalado por imensos vazios. Tudo tinha início e fim evidentes.

Sei que círculos e hexágonos também são geométricos, mesmo o rosto de muitas atrizes. Mas não quero pensar nisso.

É mais seguro amar em segmento de reta. Entretanto, é do precipício que sentimos as alturas. A experiência me ajudou a manejar melhor meus pedaços, acabei por construir uma aptidão : o recorte póstumo e o nó. Quando uma relação se exaure, não deixo as sensações expostas. Como linhas feitas em tranças, corto seu final desgastado e podre, amarro o fim, para que a estória não se desmanche. Tão importante quanto amar é aproveitar a memória do amor. Meus ex-amores são frescos e conservadões.

Fico irritada em pensar no que você está pensando e na diminuta possibilidade de não concordar com meus argumentos. Bem, muitas imagens são possíveis para representar o amor, pois ele é elástico como uma fumaça. Particularmente, abri um novo plano e optei pela semirreta. Quero um recomeço, mas anseio por um futuro. É tempo de semirretas na minha folha quadriculada. Não se embanane com minhas metáforas. Assimile o que ofereço e tente entender.

Assimile o que ofereço e tente entender. Às vezes, 
não dá.

Os tapetes da cozinha estão manchados de azul. Tenho que limpar meu sapato e fazer legumes no forno.

4.7.16

Bonita

Bonita, me lambe esse céu da boca. Vem te esgueirando sinuosa dos meus pés até meus olhos. Quero te encarar, te encarnar devagar e terno. Engole meus gemidos e aceita o que me falta. Toma o que sobeja, mergulha no que me resta.

Bonita, me veste totalmente nu. Liso e quente. Uma flor balançando num campo de verão. Deixa o sol pousar na tua nuca e te iluminar a pele. Deixa ele marcar teu rosto com a idade que te pertence.

Bonita, lembra daquele rio morno da Bahia. Lembra dos meus beijos e da minha voz.  Quero fazer coral com outros, saudar sua existência, que perdi. Ah, bonita, balança naquelas memórias, se empoleira no gosto que tem amor. Tira essa esperança do estômago, volta com ela pro coração. De lá, ele pulsa melhor, de lá, pra alimentar a alma.


Bonita, já te vi sonhar. Descola o olhar do chão. Encara como caminho o que os seus passos perseguem.

27.4.16

Antes de dormir

Tenho minhas unhas rosas, mal pintadas, mal limpas. Tenho um coração encardido de tantos amores malpassados. Tenho um peito aberto de vazio, cheio de enxertos e carcaças. Vivi entubada em mim mesma, encolhida nos meus pés, longeando da cabeça. Não quero pensar. Não quero sentir. Quero caminhar. Andar não desdiz ninguém. Ir não destrona: afasta e lambe-se o silêncio dos passos.

Vivo a construir pequenos relatórios mentirosos, do que fiz e do que sigo sendo. Eu estou, sem gerúndios, num presente bem marcado. Estou pétalas voando para o chão. Estou neve pouca que se dissipa pelo ar. O que congela, mas não tomba. O que se esfrega no meio e se alonga. Sem pressa, sem alvo. Sem lugar.

Vivo como ser etéreo inventado em outra linguagem, engolido por nada. Transito impune pelas ruas deles. Como a comida, vejo seus olhos, sorvo seus cabelos. Me esgueiro entre as frestas e aspiro como amam, o que sentem, o que soam. Faço igual, faço diferente. Engulo tudo, mastigo e cuspo.

Como morder borracha, como chupar capim, como lamber o mel, como beijar a água. Como me derreter em momentâneas sensações de solidão desamparada, para me derramar na delícia de estar só.

Sou calma e lago. Um sábio de bochechas caídas. Sou bruxa fazendo poções para seus gatos. Sou o contentamento do instável. Sou a beleza da brisa no mar. Sou o último pensamento antes de dormir. Sou à Deus.

25.2.16

Uma paixão, um amor, um engano

Olhei do alto da praça e gostei do que vi. Um cabelo meio enrolado e um jeito pausado e forte. Dentes absolutamente brancos. Tocava uma música qualquer dos Titãs. Ele olhou para mim, eu sorri.

Era de tarde e minha amiga estava ficando com rapaz vestido de pescador. Eu ia seguindo o bloco de longe, quando vi uma peruca brilhante, ele andava pela calçada e eu vinha atrás. Observando. Passei por ele e fiz uma piada qualquer, a resposta me divertiu enormemente.

Aos poucos, foi subindo a escada. A cada progresso, olhava para ver minha reação. Eu sorria. Naquela época só sabia sorrir. Ele sumiu do meu campo de visão para aparecer, alguns minutos depois, do meu lado. Olhei de perto. Perdi o fôlego.

Fui conversando, para ver até onde iria a sua criatividade. Sem limites. Decidi que aquilo era ótimo e o beijei. Ele tinha um tênis com umas partes verdes, daqueles de corrida e só falava com a voz do personagem que havia inventado. Perguntei qual era o nome dele. Disse que não tinha nome.

Ele não conseguia falar nada. Enfiando e tirando as mãos de dentro do bolso, como se ali dentro pudesse encontrar qualquer punhado de palavras que o ajudasse. Sentamos em um banquinho. Ele já tinha me visto antes na cidade. Nos beijamos.

Ele também não tinha profissão, porque essas coisas não pertencem à magia do carnaval. Até o beijo dele era faceiro. No meio daquele barulho todo, sua gentileza vinha como um passarinho pulando no quintal. Sem que ninguém espere, beliscando um pedacinho de qualquer coisa.

O cantor do bar passou por nós, ressentido. Sozinho, carregando o violão. Ele me beijava como uma onda, como que em semicírculos. Num símbolo do infinito. Uma nuvem passou bem baixa. Olhamos fascinados. Ele me disse: “estou apaixonado por você”. Meu corpo flutuava.

Fomos andando na direção da música, me deu a mão e, por uma razão que me escapa, me senti segura. Comprei uma pipoca e ele estava faminto. Foi comendo naquele contentamento que só os bêbados alcançam. Um amigo dele apareceu. Um amigo dele foi embora. Fiz xixi atrás da banca, enquanto ele vigiava os intrusos. Fui embora sem saber como chama-lo.

A memória fica como o carinho de bigode de gato. Umas cócegas, leves e sem dimensão exata. Apaixonar-se. Amar e desarmar-se. Não há engano. Há esperança.

15.2.16

Carnaval

Tem horas que a vida dá um intervalo e surge um imenso silêncio, cessa toda a percussão e fica o bumbo, ecoando, gravíssimo. Como se os movimentos oscilassem: devagar eu, rápido o mundo; eu voraz, o mundo cochilando. Um bum bo.

Vamos nos calcificando e criando ossos até nas nossas partes mais moles, uma tentativa de gerar estrutura, eu acho, para enfrentarmos os obstáculos menos liquefeitos e esparramados. A doçura e a inocência se fundem num sentimento quase triste: nostalgia.

Aprendi que as experiências nos percorrem e vão deixando seu espólio em nós. Como se fôssemos um rio, onde a água que nos atravessa fosse aquilo que vivemos. Às vezes, arrancam nossas barragens, outras, enriquecem nosso solo. Deixam lixo ou mudam nosso curso: podemos virar lagoa ou desembocar no mar. A vida é um constante movimento de inundação.

Uma importante conquista foi perceber que tenho domínio sobre o meu leito, quase nada é irresistível. Algumas mudanças são difíceis de remanejar, mas com persistência, sempre é possível se aproximar do que éramos antes, na nossa antiga geografia.

A questão é: queremos ser os mesmos? Queremos negar sistematicamente todas as alterações que nos alcançaram?

É desconfortável mudar de forma, mas nem todo desconforto é ruim. Exige, entretanto, mais diligência, teremos que reconhecer nossas novas fronteiras e reinterpretar nossos caminhos. Sonhos desaparecem, outros brotam. A projeção sobre o futuro não alcançado não é um aborto. Algo que morreu. O que não aconteceu precisa deixar de existir para dar espaço àquilo que vai surgir.


Vez por outra temos que esganar uns fantasmas, no escuro mesmo, quando eles vêm nos assolar. Uma parte do novo é chamada medo. Como uma pedra de argila, com mãos insistentes e com água disponível. Desconstruindo as armadilhas e dando novas serventias ao nosso material emocional. Precisamos cuidar de nós mesmos, tatear nossos pensamentos, cuidar das feridas. Semear brotinhos de alegria. Regar e regar. Regar. É preciso se esticar até o último pedacinho do dedo para alcançar a esperança. E pega-la.

16.1.16

Sempre e só

Algumas noites acordo, assustada em uma casa estranha. Fico com um pavor: estou na França. O pensamento fica girando na minha mente sonâmbula. Meu coração afunda dentro de mim: estou sozinha.

A saudade não se descola. Alguns dias é como um vento gelado, cortante e incômodo, vai entrando por entre as brechas e me tira todo o aconchego. Há outros, porém, que a saudade vem como um beijo quente e macio, afagando os meus cabelos e me fazendo dormir em paz.

De qualquer maneira, o infinitivo do amar é sofrer.

Sofro de bom grado, porque o que me dói é o sobejar. É a consciência exata de que amo muito e sou muito amada. Sofro porque carrego um tesouro maior que eu mesma. É um mar com pedras cortantes no fundo. Nado para fluir, sobretudo, para sobreviver.

A solidão, aos poucos, constrói morada mim. Adornada de hábitos curiosos. Prazeres miudinhos e graciosos. Olhar o morango de perto, estudar o cadarço do sapato, sorrir para o dia. Os objetos ficam dotados de personalidade. A almofada é minha “fofinha”; a luva mais quente, “a poderosa”; as cobertas são “a galera”. Mas sinto falta mesmo é da minha irmã entrando no quarto com o botão da calça aberto, comendo banana, com um pão mão. De fazer cinco tapiocas. De sentar no sofá e ter o colo do meu pai, do meu irmão sentando em cima da gente e tirando do meu canal, da minha mãe narrando todas atividades do seu dia.

Sinto falta do carnaval que não terei. Das pessoas que mergulharam nesse oceano que nos distancia e me transformaram em passado. Perdi muita coisa nessa travessia. Sei que nem tudo vou ganhar de volta. A vida, às vezes, nos amputa mesmo. A gente cresce para outros lados.

A sensação é como se alguém colocasse a mão na nossa cara: e não podemos ver direito, nem respirar direito, nem falar direito. Fica tudo confuso e atrapalhado. Um ataque improvável. De tanto me debater, consegui libertar o meu rosto para voltar a viver face-a-face.

A alegria aqui repousa nessas vitórias: ver melhor, respirar tranquila e falar corretamente.

Refaço os caminhos para sabe-los bem no dia em que vierem me visitar, faço roteiros intermináveis para que eles nunca precisem ir embora. Meus olhos se abrem e estou no metrô, na rua deserta, no Sena, no café, no bar, de frente pra salada. Vivo entre três mundos: onde os meus queridos ficaram, no que eu estou e no que eu criei.

A alegria aqui repousa nessas vitórias: sorver, sonhar e lutar. Nunca sozinha. Sempre e só.