4.7.16

Bonita

Bonita, me lambe esse céu da boca. Vem te esgueirando sinuosa dos meus pés até meus olhos. Quero te encarar, te encarnar devagar e terno. Engole meus gemidos e aceita o que me falta. Toma o que sobeja, mergulha no que me resta.

Bonita, me veste totalmente nu. Liso e quente. Uma flor balançando num campo de verão. Deixa o sol pousar na tua nuca e te iluminar a pele. Deixa ele marcar teu rosto com a idade que te pertence.

Bonita, lembra daquele rio morno da Bahia. Lembra dos meus beijos e da minha voz.  Quero fazer coral com outros, saudar sua existência, que perdi. Ah, bonita, balança naquelas memórias, se empoleira no gosto que tem amor. Tira essa esperança do estômago, volta com ela pro coração. De lá, ele pulsa melhor, de lá, pra alimentar a alma.


Bonita, já te vi sonhar. Descola o olhar do chão. Encara como caminho o que os seus passos perseguem.

Nenhum comentário: