Bonita, me lambe esse céu da boca. Vem te
esgueirando sinuosa dos meus pés até meus olhos. Quero te encarar, te encarnar
devagar e terno. Engole meus gemidos e aceita o que me falta. Toma o que
sobeja, mergulha no que me resta.
Bonita, me veste totalmente nu. Liso e quente.
Uma flor balançando num campo de verão. Deixa o sol pousar na tua nuca e te iluminar
a pele. Deixa ele marcar teu rosto com a idade que te pertence.
Bonita, lembra daquele rio morno da Bahia. Lembra
dos meus beijos e da minha voz. Quero
fazer coral com outros, saudar sua existência, que perdi. Ah, bonita, balança
naquelas memórias, se empoleira no gosto que tem amor. Tira essa esperança do
estômago, volta com ela pro coração. De lá, ele pulsa melhor, de lá, pra alimentar
a alma.
Bonita, já te vi sonhar. Descola o olhar do
chão. Encara como caminho o que os seus passos perseguem.
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