29.1.09

Ide.a.lismo

Em certos tempos acredito no amor.
Alguns trâmites coronários me parecem dignos de um coração. Assim, desejo adotar o sentimento.

Adotei um amor-ideal.
Que tem cabelo, estatura e cor discriminados.
Tem nome, voz e ternuras certos.

Funciona como uma idéia mórbida chamada esperança. E trabalha com uma variável ingrata: expectativa.

Amor ideal uma ova.
É fascínio incrustado no tórax
Tilintar de tesouros na mente

Bobagem mais doce que a vida
Espectro de sonhos reais.

22.1.09

Telha

Deus resolveu fazer coisas boas
estreiou contigo
e ficou sendo estréia por mtas eternidades

de piscadelas de Deus

Ele mesmo criou e ficou

pis

cando

pen

sando

Como foi que criei coisa tão linda?

Nandita

Coisa linda de piscadela de eternidade

19.1.09

Num mundo tão cheio de nós, seja bem-vindo a mim.

Duas filhas

Dá-me água, disse a pequenina. Tenho sede, disse a mãe.

A menina da casa sobe as escadas e desce com os pedidos.

Dá-me vida, disse o mundo.

A menina da casa sobe as escadas e vê o céu.

No fim do mês voltem a mim, talvez eu consiga assaltar algum sonho e trazer esperança para todos.

13.1.09

Josefina em prantos

A música que você toca é o que já foi melodia em mim
O ritmo das suas batidas é o balanço dos meus pés
A estupidez das suas palavras brotaram do meu riso.

Música babaca a sua, porque o que se toca
. já passou em mim.

As partituras
estacionaram
no esquecimento.

Eu marcho para as trombetas.
Flautas dulcíssimas

A minha melodia não se toca duas vezes
Nas minhas veias nunca corre o mesmo sangue. Não escorre igual.
Há anos que percorri o universo, trago em mim resquícios do céu.

Não há alegria que não brote nos meus lábios
aquela música é eco
Ouça o que lhe digo agora:

O som de
mim
percorre todos os espaços

Bata seus passos, marque seu compasso na terra.
Então venha me procurar.

Traga um árco-íris nas mãos e flores entrelaçadas no peito
Que a sua boca emane amor para alimentar uma alma inteira
Traga a luz do infinito até os meus olhos
que suas mãos encerrem oito mares

Serre a podridão da desesperança
Enxerte sonho

seja Homem
Seja homem.

8.1.09

Guerra em Gaza

O mundo balança, balança e geme no fim

Um cantiga qualquer
Quais quer que sejam as notas?
Quais deveriam ser os sussurros?

De paz. De moRte.

Menino morto em Gaza.
Coração apodrecido no chão

Menina morta na foto.
coração que se desmantela na terra

Então se explodem crianças?
É verdade que o mundo acabou.

Lágrimas jorraram da minha garganta
a voz que eu tinha
silêncio

Diante das baixas
silêncio

Diante de crianças mortas
silêncio

Diante da crueldade humana
calada.

Minha alma adormeceu dentro de mim
como quem se recupera de um longo pranto

Vi as trevas em plena luz
Estava na sola dos sapatos, o sangue, a infância perdida

Jogaram uma bomba
Eu era a menor desde grande

Nossos pequeninos morreram.