3.9.20

Áudio

Recebi sua mensagem. Você disse para eu buscar um profissional e foi justamente disso que me livrei, para tratar minha dor de forma diferente. Começar a descobrir o que minha carne me ensina. E por aqui senti ecoar um som de flauta e de árvores laranjas. Voltei a pensar nas minhas terras e nas pedras que juntava na gaveta do subúrbio do Rio. Meu amor, o equilíbrio só é real se há um desafio de balanço, estou aqui experimentando os meus. Quero poder dizer a verdade por trás do sorriso que colei no meu rosto, porque tenho para mim que muitos sentem esses tufões no peito. Mas não sabem como eles chamam ou se eles ficam rodando lá para sempre. Antes minha especialidade era de gerenciar tufões alheios e sobreviver, agora posso ter minha próprias desrazões e a liberdade, às vezes, dá um falso atrapalho. A gente cata um cavaco e vai correndo pra não precisar cair. Acelerei. E o que, para os outros é um processo de queda, para mim é a esperança de me realocar de pé: os braços girando para apanhar o ar e os olhos pinçando o céu – a gente se agarra no que imagina bem. Você sabe. Não é do meu feitio desmoronar, como um prédio que afunda e peida poeiras por todo lado. Se eu tivesse que ser um imóvel abatido, eu iria atirar meteoros que voariam no Pacífico e que confundiria os aliens que tiveram a mesma ideia, mas que não se organizaram o suficiente. Quando todo mundo pensasse que iria cair pro lado e esmagar um carrinho de pipoca, o pipoqueiro e um gato, eu iria produzir uma grande (enorme) quantidade algodão doce tipo 1 (utilizado para preenchimentos). Todos meus quebradinhos iriam ficar melados ao toque de mão com saliva e para substituir o material teríamos que levar bebês-babantes para comer as partes a serem substituídas.

Por isso, não se preocupe já tenho tudo pensado e organizado da forma caótica que é o gostoso da vida. Não posso negar que hoje sonhei que capotei de carro, nessa preguiça que eu ando, copiei a cena de um filme. Depois copiei a trama de um seriado e virei lutadora com maiôs da década de 80. Ou seja, não quebrei nadinha e fui lutar, antes de nascer – ou um pouquinho depois. Por isso, não se preocupe, sou boa de criar enredos fantásticos: vou bolar uma saída que também sirva de entrada. Hoje coloquei quatro anéis, uma pulseira do Marrocos e um batom dichavado pela máscara. Quer dizer. Sont plutôt des bonnes nouvelles, non ? Xuibiãnlá.