Recebi sua mensagem.
Você disse para eu buscar um profissional e foi justamente disso que me livrei,
para tratar minha dor de forma diferente. Começar a descobrir o que minha carne
me ensina. E por aqui senti ecoar um som de flauta e de árvores laranjas. Voltei
a pensar nas minhas terras e nas pedras que juntava na gaveta do subúrbio do
Rio. Meu amor, o equilíbrio só é real se há um desafio de balanço, estou aqui experimentando
os meus. Quero poder dizer a verdade por trás do sorriso que colei no meu rosto,
porque tenho para mim que muitos sentem esses tufões no peito. Mas não sabem
como eles chamam ou se eles ficam rodando lá para sempre. Antes minha especialidade
era de gerenciar tufões alheios e sobreviver, agora posso ter minha próprias desrazões
e a liberdade, às vezes, dá um falso atrapalho. A gente cata um cavaco e vai
correndo pra não precisar cair. Acelerei. E o que, para os outros é um processo
de queda, para mim é a esperança de me realocar de pé: os braços girando para apanhar
o ar e os olhos pinçando o céu – a gente se agarra no que imagina bem. Você
sabe. Não é do meu feitio desmoronar, como um prédio que afunda e peida poeiras
por todo lado. Se eu tivesse que ser um imóvel abatido, eu iria atirar meteoros
que voariam no Pacífico e que confundiria os aliens que tiveram a mesma ideia,
mas que não se organizaram o suficiente. Quando todo mundo pensasse que iria
cair pro lado e esmagar um carrinho de pipoca, o pipoqueiro e um gato, eu iria
produzir uma grande (enorme) quantidade algodão doce tipo 1 (utilizado para preenchimentos).
Todos meus quebradinhos iriam ficar melados ao toque de mão com saliva e para
substituir o material teríamos que levar bebês-babantes para comer as partes a
serem substituídas.
Por isso, não se preocupe já tenho
tudo pensado e organizado da forma caótica que é o gostoso da vida. Não posso
negar que hoje sonhei que capotei de carro, nessa preguiça que eu ando, copiei
a cena de um filme. Depois copiei a trama de um seriado e virei lutadora com
maiôs da década de 80. Ou seja, não quebrei nadinha e fui lutar, antes de
nascer – ou um pouquinho depois. Por isso, não se preocupe, sou boa de criar
enredos fantásticos: vou bolar uma saída que também sirva de entrada. Hoje coloquei
quatro anéis, uma pulseira do Marrocos e um batom dichavado pela máscara. Quer
dizer. Sont plutôt des bonnes
nouvelles, non ? Xuibiãnlá.
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