Minha irmã
me mandou ir meditar e eu quase a mandei ir à merda. Não é para tanto. Até
porque, se a merda estiver a mais de um quilometro, eu não posso ir, sob pena
de uma multa de 130-blaus de macrons. E eu não faço macromê suficiente para
esse ir e vir todo. Hoje de manhã já meditei sobre esvaziamento e respirei na
seriedade da busca da paz, sentindo o vai e vem do ar. Sem obrigatoriedade de
ter que preencher declaração assinada (com data e hora especificadas), meu gás carbônico
ficou passeando pra lá e pra cá, operação com o escopo bem definido de
manutenção de órgãos. A máquina não pode parar, nem reparar, tem que respirar no
fundo do poço e estacionar seguir em frente. Olha, um pouco
de pessimismo e reclamação não vai fazer mal a ninguém. Paris está aí com seus
residentes de boca torcida e de nariz de nojo, mas todo mundo gosta de Paris. É
chique ser insuportável. Voilà voilà. A idade não traz só flacidez, mas
experiência - que deve ser projetada como verdades absolutas sem nenhum pacto com
argumentos racionais. Eu estou irritada? Certo. E me acalmar para quê, se daqui
a três minutos já encosta um outro aborrecimento? Fica logo na potência do café
requentado: perigoso, agitado, ruim, mas presente. Estou sem outras performances
disponíveis. Já fui resignada, grata, preguiçosa, produtiva, triste. Agora estou
virada no Pato Fu metal – uma mistura de melancolia, chatice e gritaria. Que
diferença faz para você? Se eu fico sozinha mesmo escutando música folk e
escrevendo inutilidades tese.
Um dia isso
tudo vai passar, mas agora estou achando uma situação chata, persistente e esse
vírus um ridículo. Pega sua oportunidade de superação e come com corn flakes,
quero saber disso não. Gente, reclamar é preciso. Legítimo e gostoso. E outra. Eu
sou contra você ser contra mim. Lembre-se Paris.
Um comentário:
"Coisinhas de nada
tem feito um grande estrago
Dentro do meu coração
Eu piso em baratas
Sujo meus sapatos
Tenho raiva de quem ama
Tenho pena de quem mata"
Fico feliz que tenha voltado a publicar por aqui. Abraços.
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