3.6.13

Per capita

A imperceptível leveza do nada. Silêncio é a decapitação da palavra. Naquele momento, todos os vernáculos vindouros tombaram. Aos nossos pés. Mortos.

Mais uma vez, como num ciclo infinito, imaginei e projetei meu passado. Um emaranhado que sufocava os meus dias e as esperanças toscas que tentatavam resistir. Não que a vida tivesse piorado ou se tornado mais triste. O céu ainda continuava um escândalo, milhares de melodias ecoavam no meu peito, sistematicamente revitalizando uma espécie de paz.

O enlouquecedor foi a consciência, quase abrupta, da finitidude das relações. Melhor dito: o choque veio da miudeza do amor. Um amor juramentado, com promessa para dar e vender. Direito sólido e todo correto. Encontroversávamos sobre tudo. Completamente dentro do ordenamento.

Mas aquele silêncio, foi como um espirro de um desconhecido na minha boca aberta em um bocejo. Inimaginável. Nojento e proibido. Aqueles ombros murchos, mãos guardadas nos bolsos, olhos pendentes num rosto inexpressivo.

Eu merecia que você perdesse a cabeça. Chorasse já num olho dentro de uma cabeça sem corpo. Um algoz encapuzado com um facão imenso, executando algum juízo em você. Um juizado final com competência extraordinária.

Teríamos uma Corte Coronária constituída e constituinte de 11 mulheres amargas. Com verrugas e olhos remelentos. Para o terror de todos aqueles que desrespeitassem a Lei Maior do Amor e Gozo Eternos.

Nada de blá blá blás ou mimimis. Só cácácás e mômômô. A ditadura do amor tranquilinho. Sem essas revelações bombásticas de mudanças de sexo, de reviver amores de infância, de mochilão para Arábia Saudita. Nãnã não. As mulheres amargas seriam unânimes em prolatar: "Sossega o facho e curte seu moreco."

Mas não. Você. Deu cotovelada no nariz, apertou o mamilo e mijou no meu pijama xadrez. Vandalismo sem precedentes. E eu sem recursos. Sabe o que vai acontecer?

Vou ouvir pagode e colocar seu nome na boca do sapo. Porque atentados dessa natureza não podem, não devem e nunca ficarão inpumnes.