18.7.12

Meu bem

Vez por outra a vida se espatifa. E parece um caminhão descontrolado vindo em sua direção. O problema não é quando ele esmaga sua cabeça no asfalto, seu cérebro fica esparramado pelos pneus e seus dentes ficam espalhados no chão. O real problema, meu companheiro, é quando o caminhão leva uma parte de você e você fica ali, incompleto, com a boca meio aberta, sem acreditar. Sem acreditar que aquilo é possível.

A gente fica assim meio cambaleante, sem saber se a ferida que se carrega é do tipo que sara ou do tipo que mata. E se a gente é forte o suficiente para viver ou para morrer. O sofrimento tem a sutileza das asas de uma borboleta.

Mas e agora?

Agora, meu bem, feche os olhos. E pense. Nada é tão mal que não se possa ter esperança. Durma um pouco. Deixe chover dentro do seu peito. Meu bem, feche os olhos. Descanse. Deus está bem aqui. Se aconchegue em boas memórias e espere. Nada é tão ruim assim. Prometo. Há sempre um sol. Há sempre estrelas. Deixe estar, deixe estar. Meu bem.