7.11.08

O homem da colina

Quando não dizemos nada, há muito o que se fazer. Há de se sentir, de sofrer, morrer quantas vezes for necessário.

Havia um homem, ele era alto como a colina, distante como o luar. Imponente observava as redondezas.

Não falava, não gemia. Não era o que era, nem o que fosse.
Não falava, não gemia. Era tanta coisa que tornou-se em nada.

Imponente na colina. Homem cheio de dores, daqueles que chora sem lágrimas e ama sem gastar tempo.
Ele era vivo, mas ninguém percebera, era rebelde de uma revolução remota.
Houve uma era em que gemeu, chorou: gastando tempo,
. .amores,
. .revoluções
. .e ódio.
Era um homem de calças coloridas, blusa desgastada, sem medos ou rancor.
Houvera uma mulher insubmissa e forte. Ela era sua boca, ..seus sussuros,
..seu amor.
Com ela estava o seu coração.
Então ela se foi: fraca, prostrada.
Não há como expressar a morte de alguém tão nosso.

E assim se tornou um homem na colina: imponente, forte, sem gemidos ou pranto.

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