Acho isso uma palhaçada,
primeiramente. Se o momento é de nervosismo, não peçam calma, sob pena de desconstituir
o momento mais legítimo de todo ser humano: a agonia.
Mais uma vez, venho dar dicas
inúteis, mas que, prometo, serão honestas e alcançáveis. Veja que estar com
raiva e inconformado pode ser muito importante para resolver situações há muito
negligenciadas. Portanto, eis que vos digo: vomita! Vomita tudinho que está te
sufocando e se o mundo explodir depois, vida que segue. Viveremos em outra
galáxia, então.
Tenho certeza que a maioria das
coisas não ditas e as esperas dissimuladas são a grande causa da nossa
degradação pessoal. Na seleção hercúlea do que podemos ou não dizer, calamos
nossa própria existência e viramos um fantoche desconexo e ridículo.
1) Não seja ridículo.
Não seja ridículo.
Nesse sentido, minha sugestão é
que a angústia, raiva e sensação de que está tudo uma bosta sejam encaradas
como emoções legítimas de serem sentidas e, mais do que isso, legítimas de
serem vividas. Por isso, se alguém vier te acalmar, seja ignorante e estúpido.
Melhor não. Assim acabaremos sozinhos. Por isso, se alguém vier de acalmar,
sorria. Melhor não. Se alguém vier te acalmar, fale: afaste-se ou sofrerá as
consequências.
2) Afaste-se ou sofrerá as consequências.
Faça cara de fúria e de quem come
miojo cru, com fungo, caído na lama do terreno do vizinho (selvagem).
Tem horas que as coisas dão
errado, sim. E é comum que a gente odeie essas fases onde tudo de ruim vem
junto. Se alguém perguntar como você está, diga a verdade. Como você está? Tô horrível.
3) Tô horrível.
Horrível mesmo.
E se alguém vier te perguntar
qual é o seu plano. Diga: Não tenho planos. E se começarem a inventar saídas e
soluções pra sua vida. Bem, a intenção pode até ser boa, mas é como alguém que
tenta escovar os dentes de outra pessoa: cai baba e pasta por todos os lados,
sem que a limpeza seja eficaz.
4) O que fazer?
Você me pergunta.
Eu acho válido não comer, não
tomar banho, desligar o celular. Sem claro que isso afete sua saúde e das
pessoas à volta. Mas o que eu quero dizer é que o luto é vital. Admitir-se
fraco, triste ou desanimado é saudável. É ruim? É! Muito ou pouco? Demais! Mas
são nesses períodos mais críticos em que entramos em maior contato com a gente
mesmo. Sentir dor é terrível, entretanto, aponta para nossa vida e
sensibilidade.
Brigue. Grite. Chore.
Tombe.
Mais tempo, menos tempo, um sorriso se arreganhará na sua cara. E na minha, espero.
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