3.10.14

Auto-ajuda nombre deux : tenha calma nas horas de pânico.

Acho isso uma palhaçada, primeiramente. Se o momento é de nervosismo, não peçam calma, sob pena de desconstituir o momento mais legítimo de todo ser humano: a agonia.

Mais uma vez, venho dar dicas inúteis, mas que, prometo, serão honestas e alcançáveis. Veja que estar com raiva e inconformado pode ser muito importante para resolver situações há muito negligenciadas. Portanto, eis que vos digo: vomita! Vomita tudinho que está te sufocando e se o mundo explodir depois, vida que segue. Viveremos em outra galáxia, então.

Tenho certeza que a maioria das coisas não ditas e as esperas dissimuladas são a grande causa da nossa degradação pessoal. Na seleção hercúlea do que podemos ou não dizer, calamos nossa própria existência e viramos um fantoche desconexo e ridículo.

1) Não seja ridículo.
Não seja ridículo.

Nesse sentido, minha sugestão é que a angústia, raiva e sensação de que está tudo uma bosta sejam encaradas como emoções legítimas de serem sentidas e, mais do que isso, legítimas de serem vividas. Por isso, se alguém vier te acalmar, seja ignorante e estúpido. Melhor não. Assim acabaremos sozinhos. Por isso, se alguém vier de acalmar, sorria. Melhor não. Se alguém vier te acalmar, fale: afaste-se ou sofrerá as consequências.

2) Afaste-se ou sofrerá as consequências.
Faça cara de fúria e de quem come miojo cru, com fungo, caído na lama do terreno do vizinho (selvagem).

Tem horas que as coisas dão errado, sim. E é comum que a gente odeie essas fases onde tudo de ruim vem junto. Se alguém perguntar como você está, diga a verdade. Como você está? Tô horrível.

3) Tô horrível.
Horrível mesmo.

E se alguém vier te perguntar qual é o seu plano. Diga: Não tenho planos. E se começarem a inventar saídas e soluções pra sua vida. Bem, a intenção pode até ser boa, mas é como alguém que tenta escovar os dentes de outra pessoa: cai baba e pasta por todos os lados, sem que a limpeza seja eficaz.

4) O que fazer? 
Você me pergunta.

Eu acho válido não comer, não tomar banho, desligar o celular. Sem claro que isso afete sua saúde e das pessoas à volta. Mas o que eu quero dizer é que o luto é vital. Admitir-se fraco, triste ou desanimado é saudável. É ruim? É! Muito ou pouco? Demais! Mas são nesses períodos mais críticos em que entramos em maior contato com a gente mesmo. Sentir dor é terrível, entretanto, aponta para nossa vida e sensibilidade.

Brigue. Grite. Chore.
Tombe.


Mais tempo, menos tempo, um sorriso se arreganhará na sua cara. E na minha, espero.

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