27.8.09

Gabinete

A situação é de perplexidade e gozo sem fim.
É um abraço daqueles macios que transmitem a textura de um rosto de aconchego.
Um certa bochecha avermelhada, rubra, ornamentada por uma face dócil e alva.

A perplexidade me cansa a alma e caminho com os pés pesados de tanto chão. Parece que, por algum motivo, as solas se apegaram ao centro da terra e meus ombros são sugados para baixo, de maneira que meu tronco é comprimido e minha mente se desfaz em agonia.

A perplexidade me regenera, com uma serenidade quase cruel. Depois que se leva o susto, é tendência humana aliviar-se: pela sensação forte e abrupta não perdurar para sempre. Aquele estraçalhar atônito não ser infinito.

E é perplexa e exaurida que puxo um fio de esperança, um certo fio de ouro que ornamenta meus cabelos, corpo e vestido. E assim vou tecendo com esse fio imenso...vou tecendo num linho branco, que se movimenta e dança em mim, que se prende e me cobre lindamente.
Como uma princesa resoluta, limpa e descansada, fecho os olhos embebidos em cílios sonhadores. Cotidiana mesmo, esbanjo acontecimentos fantásticos em um mundo de puro prazer.

A perplexidade me levou para caminhos extremos.

É chegado um bom lugar.