3.11.11

Porvir

Meu futuro é um vento de flores. Flores amarelas.

Andei visitando outros universos e hoje sou uma pessoa interestelar. Desde então minha alma ficou brilhosa e quatro luas nasceram no meu peito. Eu tenho satélites. Satélites construídos de palha, com uns arremates de madeira.

Quando olhei nos olhos daquele homem, eu vi quantas galáxias me faltavam. E eu me mergulhei nelas. Nadei, em todas elas. Me lambuzei naquela íris, lambi cada cor, me enchendo daquela paisagem ocular. E até hoje estou por digerir. Digerir. Digerir aquela alucinação deliciosa que é olhar nos olhos de quem amamos.

Sabe, amar é se enfurnar num mundo de algodão, é trazer em cada punho um lírio. Amar é você querer se despencar de si mesmo para se desalojar todo dentro do outro. E morar ali, antropofagicamente, dentro dele, cheirando, tocando, sentindo cada pulso, cada sangue que escorre, cada medo que mata. Ali, no meio dos líquidos intersticiais, entre as células e o pulmão. Este é o lugar de quem ama. Âmago.

Amar é meio nojento.

Perdemos muito da compostura. Mas lá, naquela galáxia, nada disso é feio. Aqueles olhos são uma galáxia gentil, lá podemos comer quantas almôndegas quisermos, não fica mal ser guloso, nem é errado querer mais. Ah, lá em-aquela galáxia as mãos são feitas para falar. E elas percorrem seu rosto e dizem assim: baixinho, baixinho: te amo, te amozinho. E sua boca ganha carinho e os lábios ficam brincando nos seus olhos e você não vê mais nada. Nadinha de nada. Só fica ouvindo. O coração faz tum-TUM-toin-ai-ai-tum-TUM-ah.

A vida é estranha, pois minha galáxia tem cílios. E meu amor tem um monte de cabelo. E bebe cerveja. Por isso escrevo em prosa, para caber um amor concreto. Meu romance é barato. Meu amor fala outra língua. E ele fala dito e eu penso, feito.  Sussurra agora e eu imagino sempre.

Onde eu estava com a cabeça para dizer que eu tenho satélites? Feitos de madeira e palha ainda por cima!  Era segredo.  Temos que amar em secreto e ter muito cuidado. Olhe para um lado, veja o outro. Invasores. Mulheres xexelentas e horrorosas desejosas de surrupiar nosso chuchuzinho. Eu não tenho satélites (mantenha segredo). Ele não é um homem (confunda o adversário). É uma pessoa com um hálito terrível (minta, minta, minta!), ele fala coisas sem sentido (bem isso é verdade).  Meu Deus, que risco. Que risco estou correndo! Não deveria ter falado nada. Vou fazer cara de triste e amarga. Cara de domingo à tarde: desilusão e tédio. Não há de falhar. Ah, se souberem como é incrível, poderoso e sensual. Sensual? Hm. Sim. Aquilo é um oásis, água fresca, calor moderado e descanso perpétuo.  Gente, gente, me acode: amar é bom demais!

2 comentários:

Karol disse...

Ownnn, meu Deus!!! Amar é bom demais? Concordo plenamente! E essas mulheres xexelentas que querem roubar nossos chuchuzinhos?! AAaahhhh, morraaam todas!!! Ai, o amor...

.gustavo pereira disse...

haha... eu me lembrei de:
"Falando absurdos
Virando a noite
Perdendo o senso
Derretendo satélites
Falando tudo
Voando à noite
Ouvindo estrelas
Derretendo satélites"
lembrei, e ri.
se vc assistir a este clipe: http://letras.terra.com.br/kid-abelha/1356249/ , vai rir, tb.