21.2.15

Reco.meço

Estava usando o Chrome, no que ele me sugeriu um novo separador. Gosto mais quando a solução é uma nova janela. Mas, seja como for, quando se abre, já tem um longo histórico e um cursor no campo do google perguntando "o que você quer?". Quando não sabemos muito bem, acabamos por repetir o que já havíamos feito, por uma simples sugestão que brilha em nossas telas.

Imagino que muitas pessoas já passaram por crises tão profundas que tiveram que se repatriar em um outro reino de si mesmas. A pena é quando esses momentos fornecem apenas casulos, onde se fecham momentaneamente, sem a benesse de sair de lá transformado. Conheço gente assim: que rompeu com Deus e o mundo, vomitou mágoas e frustrações, apontou dedos acusadores em todas as direções, sem perceber que o rastro de lama sempre esteve em seus próprios pés. Já levei muito chute na canela e pensei até que merecia, diante de argumentos tão fortes. Qual foi minha surpresa quando vi o mesmo padrão de comportamento se repetindo, mesmo sem os personagens outrora incriminados.

A culpa foi sua. Como é bom se livrar desse fardo. Com medo de me ver egoísta, passei a compartilhar responsabilidades por fracassos que não me diziam respeito, sobretudo com relação à felicidade dos que estão ou estiveram à minha volta. Passei a administrar cautelosamente as frustrações dos outros. Fiquei horrorizada ao perceber que há uma paz que é incomunicável e uma parcela de doçura em se viver que é absolutamente individual. Para mim, virar as costas para alguém é um ato violento, ainda que a agressão por não seguir em diante recaia sobre mim.

Por um motivo ou por outro, amamos. E algumas vozes nos são quase irresistíveis. Vemos nossos queridos tombarem, tentamos segura-los, caímos juntos. Quão grande é a dor no peito ao perceber que a queda foi proposital. A culpa nem sempre é nossa. Muitas vezes, meu bem, a culpa é só sua. Tendo a pensar que contribuí com o apocalipse por não ter conseguido salvar o mundo. Porém andei lendo na parede de um viaduto que só Jesus salva e acabei desistindo de lamentar por você. De enaltecer suas qualidades para salva-lo das críticas.

Não adianta negar: só sua, a culpa. A maturidade faltou em você e eu não quero mais fingir que não enxergo. Vejo tudo, só me faltava coragem para expressar. Escrevo, portanto, para lhe dizer que sua imbecilidade não teve limites e que não vou mais te defender.

O meu recomeço é o mais básico de todos: admedir, sem peso de sentir alívio, que a culpa foi sua.

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