22.1.10

Desperto

Ao se acordar estabelecemos paralelos de realidade. Ao despertar, nos estabelecemos no tangível. Então, se os olhos são abertos, uma brisa invade a visão e tudo se reveste de sopro.

Um certo porém me ronda e me envolve. Faz laços nas minhas pernas e firulas em meus ombros e trança meus cabelos. Há um senso de existência de algo que escapa –
- e onde estaria?

Sim, há um adorno recheado de delícias que preenche os mundos do meu imaginário, uma terra letal e perigosa. Uma terra de riso e paz. E ao abrir meras pálpebras, um mundo se desenrola na minha frente, como um manto que se espraia. Como uma glória cheia de névoa, que vai flutuando.

Recebi um ultimado por meio de uma ave selvagem, nele, escrito com letras de água, havia uma poesia tosca e gosmenta. Viscosa e feia. Resolvi lê-la, com a coragem de um urso polar, eis que da minha boca soava sons de sinos e barulhos de flores desmaiadas.

Era um sonho misturado de significado e bizarrices. O sonho é o contorno de curvas. É a coisa em si mesma, mas cheia de rodopios indecifráveis.

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