Eu sempre tomei mate leão. Mas mudei, porque eu sou livre,
radical e aberta ao novo.
Agora compro mate aos quilos nas Casas Pedro. Compro chá
verde – e nunca tomo. É bom pra celulite. É o que dizem. Mas eu nunca tomo.
Comprei pimenta também. Pimenta é bom para o coração e outro dia senti meu
peito doer. Pode ter sido gases. Isso é. Isso é tão indigno, essa dúvida: “será que
morro ou peido?”
Agora. Eu deveria estar estudando ou praticando meditação.
Mas falar sobre peido é fantástico. Peidar na água melhor ainda. Aquelas
bolhinhas. Você lá, no mar, uma flatulência secreta e selvagem. Sim, você é
totalmente selvagem também. Eu tenho uma amiga que adora tirar meleca. Certo. Eu gosto de
limpar os ouvidos. Os meus. Com cotonete mesmo, higienização total, muitas
vezes ao dia. Um vício.
Percebe? A vida passa e a gente peidando por aí. A gente
peida até em igreja, em tempo de matar os anjos sufocados. A gente peida no
próprio lugar onde vive. Coisa terrível! Melhor do que xingar ou babar nos
outros, isso sem sombra de dúvidas. Peido é coisa muito nossa. E já parou pra pensar a quantidade de
coisas que ninguém pode fazer por você?
Ninguém pode falar com sua voz e ninguém pode amar por você.
Ninguém pode nutrir suas esperanças e essa gargalhada que você tem presa na
garganta só sai quando sua alma ri. E por que ela ainda rindo tão pouco, a sua
alma? Por que os problemas acamparam no seu peito?
Venha aqui, meu bem. E pense leve e alto, feito pipa sinta
comigo as nuvens. Venha que eu construo um paraíso de palavras para você
habitar. Diga seus sonhos que faço deles sua cabana. O meu dom é ser jardim. Eu
faço florescer os encantos. Eu sou sua flor. Sou semente e pétalas. Sou brisa,
meu amor. Deite aqui, feche seus olhos e descanse. Está tudo bem. Sou rio. Sou
tudo. E nada mais.
Isso é tão indigno, essa dúvida: será que morro ou montanha?
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