7.2.13

Multi.L.ação


Dissecaram meu coração.

Alguém, por favor, me acode. Coloca de novo no meu peito aquela esperança. Desenha na minha cara aquele sorriso. Porque eu abri os olhos e tudo o que vi ao redor foi um espaço infinito. Uma imensidão a ser preenchida. E eu não sei como faz. Como faz para inventar tanta sustância para uma vida só. Parece até que eu cheguei num penhasco e que me gritam lá de baixo - e por todos os lados: faça a ponte de você mesma. E passe por cima de si mesma e percorra-se. Mas eu que sou boa em metáfora, não sei como faz. Como faz para inventar tanto de eu que vire uma ponte e me faça atravessar.

E eu estava lembrando que desde pequena acreditava no amor. E salvava os meus princípes com pontapés e voadoras, eu era ninja. Eu nunca fui princesa no castelo. Mas mesmo com os ferimentos do resgate, naquela época, eu gostava do amor. Porque era funcional. Veja que eu só tinha que lutar com mil gordos fortes, salvar meu xodó e dar um beijo sem língua. Na minha cabeça, era o suficiente. O amor era luta e selinho. E agora?

Ah, filhinho, agora é uma complicação que só. Descobri que beijo sem língua é totalmente banal e lutar pelo mocinho é masculino demais. Tenho pensado em soluções. Já que não posso desenvolver o meu plano básico criado na infância. Acho que pinto o cabelo de loiro e começo a chamar os candidatos de "Mô". Faço cara de minguada e fraquinha e de quem tem dor de cabeça frequentemente. E fico no maldito castelo esperando ele conseguir completar a missão.

Percebe? Nunca será.

Todo mundo quer ser reconhecido. Já dizia Axel. Sweet Child. Honneth. E isso mexe com sua autorrealização. Ó, conta outra. Você sabia que é possível escrever toda uma tese de mestrado falando sobre o óbvio?

Então, vem cá. Que eu serei mestre em obviedades e quero te ajudar. Sê forte. E maduro, para não machucar. Lá vai: sempre seremos sozinhos. E nada no mundo será capaz de aplacar essa nossa solidão. Vamos chamar e ouviremos?

Ecos.

Se eu fosse gerente do mundo eu mandava logo evacuar esse lugar. E acabava com o dinheiro. Acabava com o dinheiro todo pra mim. Mandava quem quisesse pro céu, e quem não quisesse,bem, pro inferno. Eu iria ficar perambulando sozinha pela Califórnia e ia usar várias roupas legais que foram abandonadas nas lojas. Iria comer várias comidas da Tailândia. Quase não iria poluir o mundo e uma vez por mês faria um relatório pro Poderoso. Não iria pecar nem nada. Iria ficar só na disposição da Santidade.

Bem melhor.
Nunca será.

Minha conclusão é que o amor anda se complicando, o mundo não vai ser todo evacuado e que somos todos sozinhos.

2 comentários:

.gustavo pereira disse...

"mas eu, que sou boa em metáfora, não sei como faz" - ótimo!

Unknown disse...

Eu não canso de gostar de você e do que voce escreve.