24.7.14

Bonequinha

Eu deveria escrever sobre política. Habeas corpus, habeas data. Eu deveria escrever sobre cuidados com as verduras, dentro e fora da geladeira. Eu deveria pensar em escrever uma tese bombástica salvífica e porreta. Mas não. Só penso em amorzinho. Só penso em meia no pé, esfregando na canela do outro.

Meu estado de espírito é qualquer coisa como o sorriso de um velho simpático. Um velho com boina, com roupas cinzas. E de suéter amarelo, ai-Aconchego gostoso. Venha aqui.

Tenho pensado muito na Tia Nea e toda vez minha vontade era coloca-la numa caminha de algodão. Queria poder estrangular os problemas com a força dos meus pensamentos. Mas eu não posso e ninguém pode. O cabelo não deixará de cair. Mas outro vai crescer. As lágrimas não deixarão de rolar. Mas os sorrisos serão gigantescos, mal caberão na nossa cara. A alegria mal caberá no nosso peito. Nós mal caberemos em Ilha Grande. Seremos tão maiores, seremos todos tão mais fortes.

Se a batalha é anunciada, diga aos inimigos que lutaremos. E nenhum de nós aqui é sozinho. Que não hesitaremos em vencer. Que não abriremos mão da esperança. Se a batalha é anunciada, diga a quem for, que verão um espetáculo. Verão uma gigante nascer. Diga a eles que verão novos corações paridos.

Avisem a todos que a dor não nos traz medo. Estamos sossegados, cônscios da nossa força, completamente submersos em amor. Eu acredito que diante de nós, o medo perde os sentidos. Nós nos grudamos uns aos outros, emaranhados em consolo.

Depois daquela curva, logo ali. Logo logo, as palavras vão ter que ser resignificadas para que eu possa explicar, quão linda foi a jornada, para eu poder lhe explicar o que realmente quer dizer vitória.

Tia, nós somos teus. E juntos podemos muito.

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