14.5.12

Ludovico canta com as mãos

A brisa se esfrega no meu hálito, como que beijando as palavras que ainda não nasceram em mim. Abro bem a minha boca, vem nascendo um discurso. E eu danço de estar parada. Sem querer mexer, sem querer pausar, com medo de quebrar esse silêncio en.cantado. Esse silêncio que nos pare, esses ruídos que nos perseguem como espiral ensurdecido.

A vida vai passando e deixando em nós vestígios de conversas mortas, de momentos-rios. Como que correntes que fluem em nosso interior e nos gargalham por entre as entranhas. E nos deliciam com frescor. Músicas feitas de pétalas.

E quando se pede teoria, as palavras faltam e só vem um nó na garganta. Um grito que rasga céus e infernos mas não diz nada aos outros, nosso monólogo de alma: nosso tiro, a última bala. No vão. Aquele pranto sem lágrimas, aquela voz que nem é mais nossa. Dizer, queremos voar, mas algo prende nossos passos, devora nossa língua.  Há algo. E, mas. Prende e arranca nossos ventos. E mata, revolve nossos sepulcros.  E mais. Há algo. Por certo, de errado.

Vem aqui e sussurra quietude nos meus ouvidos. Me dá palavras-rosas, tira os espinhos. Cura meus medos e me faz adormecer. No teu colo, com cabelos para o ar. Sentindo nuvens nos pensamentos. Sentindo carinho na existência. Vem e me acalma e vem. Vem. Come as distâncias, engole os caminhos, arruina os obstáculos. E te assenta no meu peito. Mora aqui dentro de mim, sem nunca partir. Ensina como é feito o eterno e qual o sabor da esperança. Como são flores nos olhos e de quantos suspiros é feita a felicidade. E não me deixes esquecer. Não esquece de mim, que tenho coração pulsador de teus delírios.

Ludovico

Um comentário:

Miguel disse...

Querida, 

Faz tempo, e que nao vinha aqui tb. Vc escreve tao bem...

Nao q tenha mto mais coisas, mas agora transferi a escrita pro migueldelcastillo.tumblr.com :)

Bj proce, 

Miguel