Outro dia parei na esquina da minha alma
e fiquei
ali
aguardando quem cruzaria aquele espaço.
Não houve pessoa corpórea
quem apareceu foi uma figura mitológica
ele tinha nariz de plástico vermelho
cabelo de peruca, em dois tufos
laterais
a boca dele era pintada e
nos olhos havia desenhos
a sua roupa era colorida
com bolinhas
e pendurada por um suspensório
roupa que se segura nos ombros
dentes amarelos e
aspecto de fantasia
seria lícito aparecer um
palhaço
quando estamos ouvindo piano e com ares de quem
fuma um charuto de flores?
que gracinha
que tamanco saltitante
sapateado
na esquina de mim: um espetáculo informal
do que seja simples e antigo
o palhaço ri pra mim
uma menina sapateia
eia! Sou eu! Com aqueles sapatos
sou a pareja dele
e juntos
balançamos o corpo numa dançazinha ridícula
daqueles que se divertem
de repente
recomeça aquela música clássica
lenta
com coro
e em francês
de repente
em um reflexo inesperado
eu me crio asas
e o palhaço vira
aurora boreal
que lindo!
aquelas nuvens de céus
percorrendo meu corpo
seria isso amor?
ou poesia?
- imaginação! – grita o palhaço.
depois de passado tudo isso
depois dos olhos abertos
depois que desdobrei a dita esquina e a fiz rua reta
me rio eu
me deságuo toda
me percorro
em sensações inventadas.
2 comentários:
a sua vitrola é cheia de vida e poesia. e memórias inventadas e vividas. que beleza!
"outro dia parei na esquina da minha alma e fiquei ali aguardando quem cruzaria aquele espaço."
vou espalhar isso por aí!
beijos!!!
"seria lícito aparecer um
palhaço
quando estamos ouvindo piano e com ares de quem
fuma um charuto de flores?"
:~
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