Ei, hei de colocar mega-hair, unhas de porcelana e lentes de contato cor de mel. Ó ou sou mulher forte, parida desde depois do ventre da minha mãe. E nada vai me aborrecer. Porque eu dou a volta por cima, se não tenho emprego, me depilo eu mesma. Se os homens se mostram nefastos, leio livro de auto-ajuda, romances em pocket book. Porque eu sei do meu valor, escovo os dentes diariamente, evito frituras e nunca traí namorado. Porque eu sei da minha vida. Eu tô bem. Super bem. Lido bem com aumento de peso, celulite e cabelos quebradiços. Bem mesmo. Já passei por coisa pior, naquela casa em Olaria com Gilberto. Só queria saber de fumar maconha e comer pão doce, aquele desgraçado. E eu cozinhando, passando, feito esparra. Desalmado, desgraçado, filho de uma égua. Mas eu não guardo rancor. Nem dele nem do Norberto. Quando ele anunciou que eu não tinha classe, elegância e fineza para conviver com os almofadinhas de Vila da Penha, que eu fiz? Gritei? Não. Xinguei? Não. Pedi clemência? Nada, eu falei: felicidades! Eu não desejo o mal de ninguém, fica lá arrotando sanduíche de subway do Largo do Bicão. Norberto foi assaltado, tempos depois, não quis dar a moto e levou uma facada nas bolas. Diz que arrancou uma, diz que ele usa prótese e isso virou maior tabu. E eu fico feliz com isso? Lógico que não, minha vontade é que todo homem tenha suas bolas de nascença.
Mas, como diz o ditado, né: ao que se faz,
Acredito numa certa justiça e quem arregaça nosso coração, sem legitimidade para tanto, merece se estrepar moderadamente, como medida socioeducativa. Porque pense comigo: de tanto dar a volta por cima, já estou rodeando as alturas por muito tempo. Gilberto foi a tatuagem de golfinho. Norberto, a estrela de Davi. Hilgiberto o dragão nas costas; Antônio Alberto os olhos de onça na panturrilha. Vai faltar pele pra tanta superação. Já cortei cabelo, pintei cabelo, saí com as amigas, chorei com as amigas, comi feito porca, fiquei anorexa: sorvete, chá verde, batata palha. A gente cansa. Eu nunca quis colocar silicone porque meu peito já é grande. Mas você me entende?
Mas minha história deu guinada. Gui-nada. Conheci o Berton, ele é francês, com ascentente em Itália, super bonzinho: só fala u-i, u-i, a gente se dá super bem. Mora aqui perto, em Cordovil, pegando a van 15 minutos da ponte verde de Vigário. A gente não briga, não conversa, nada dessas palhaçadas. Foragido ou não, eu gosto dele. E é isso que a gente leva dessa vida: o importante do amor, é amar.
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