Sinto uma vergonha enorme uma vergonha existencial e medíocre um desejo insano
de apontar
para meus agressores e gritar: v o c ê f a l h o u c o m i g o.
Sair por aí distribuindo panos rasgados. Retalhos da minha carne.
Se me perguntarem: Dói?
Respondo: Dilacera
E se me perguntarem: fica?
Respondo: enraizei-me
E quando me machucarem, urrarei
e se me magoarem, pranteio na hora
não serei mais contida
nunca mais serei amena
de agora em diante não penteio mais o cabelo
e o meu hálito será o dos mortos
serei um escândalo de sinceridade
abandonarei nuvem e cavalheiros
não peço ajuda
porque não há quem socorra
não há quem pegue na mão
não existe o outro
só, existe eu
vexame
colapso
e eles dizem:
amém