11.7.09

Vexame

Sinto uma vergonha enorme uma vergonha existencial e medíocre um desejo insano
de apontar
para meus agressores e gritar: v o c ê f a l h o u c o m i g o.

Sair por aí distribuindo panos rasgados. Retalhos da minha carne.

Se me perguntarem: Dói?
Respondo: Dilacera
E se me perguntarem: fica?
Respondo: enraizei-me

E quando me machucarem, urrarei
e se me magoarem, pranteio na hora

não serei mais contida
nunca mais serei amena

de agora em diante não penteio mais o cabelo
e o meu hálito será o dos mortos

serei um escândalo de sinceridade
abandonarei nuvem e cavalheiros

não peço ajuda
porque não há quem socorra
não há quem pegue na mão

não existe o outro
só, existe eu

vexame
colapso

e eles dizem:
amém