27.7.09

Conto do perdão burro

Era uma vez uma cidade real, onde muitos se conheciam e outros tantos se indiferenciavam. Pepita vivia na cidade realeza com modesta vivência, era uma jovem pálida e quieta.

Entretanto, havia algo em Pepita de desdizia sua existência, pois que se a menina se movia, tragava toda a vida para perto de si e se sorrisse, as rosas desabrochavam de prazer. Pepita era repugnante e singela, uma dessas criaturas místicas que evitamos nos apegar.

Por sua forma de balançar mundos, suave e melodicamente, Pepita era pessoa notável. Conhecida por sua bondade, Pepita se ia, repetitiva.

Até que um dia um mal sobreveio. A jovem ficou tão triste e tão pálida como sempre foi. Só que agora, sem mais contrapontos e contrapassos. O mal machucou Pepita e ela ficou doente, feito planta murcha no inverno.

Ela
tentava

respirar

mas não conseguia. E por solidão e desespero só, chorava.

Ela vivia naqueles tempos medievais e frios e usava uma touca branca que cobria seus cabelos. Usava vestido cheio, com avental por cima e sujo de carvão.
E assim, ela chorava, vestida bem dela mesma. Em tempos remotos, de calabouços e princesas.

Alguns passarinhos observavam a mocinha, tristonhando por ela. Mas gente de humano, apenas uma apareceu. Chamava-se Fine e era mulher pequena, magra e aguda. Fine trouxe pedaços de cores, trouxe pedaços de terra, trouxe pedaços do favorito. E Pepita se apegou a Fine, criando para ela regra de exceção.

Depois.

Fine foi dizendo para Pepita que não esbravejasse contra os abandonantes, pois que queriam ter sido chamuscados pelo fogo que consumia Pepita, mas que não deu, por vontade não foi. Por vontade tinham sido tão trucidados quanto a jovem. Por desejo eram próximos e por desejo, confiáveis. Que perdoasse, a Pepita, a falta deles.

Pepita viu-se boba tola, e como quem resolutamente mete a mão no piano e toca uma nova canção, cancionou. E todos dançaram e todos celebraram. Até cansarem, até adormecerem.

E Pepita então parou, para se unir a eles e descansar. Porém, enquanto caminhava para o aconchego, viu o mal etiquetado, no bolso de cada um deles.

Deu, riso, música e paz para quem quase lhe comeu os olhos. Sua esperança foi estrangulada. A jovem pegou-se toda ela, abandonou as roupas reais e descambou-se para o reino da fantasia.